Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que quase metade das mulheres brasileiras sofreu algum tipo de assédio no ano de 2022. Além disso, quatro em cada dez mulheres dizem ter recebido cantadas ou comentários desrespeitosos enquanto andavam em alguma via. Os números assustam: 18,6% das mulheres ouviram cantadas ou comentários impertinentes no ambiente de trabalho; 12,8% sofreram assédio no transporte público; e 11,2% foram abordadas de maneira agressiva durante uma balada ou festa.
45% das mulheres que foram VÍTIMAS de diferentes tipos de assédio não fizeram nada. Nem mesmo procuraram ajuda da família ou de amigos. Somente 14% denunciou em uma Delegacia da Mulher; 8,5% numa Delegacia comum. A decisão de NÃO DENUNCIAR pode ter muitos fatores. Um deles, com certeza, é a baixíssima taxa de punição do agressor.
Decidir denunciar é duro e exige coragem. Coragem que muitas vezes desmorona frente ao despreparo do sistema judiciário brasileiro. Muitas mulheres acabam sofrendo uma segunda violência, desta vez do Estado, que deveria proteger e acolher quem está em situação de vulnerabilidade. Aconteceu isso comigo. E digo: foi tão ou mais violento que o assédio sexual e moral que sofri. Se sigo falando sobre isso, é porque quero evitar que outras mulheres passem pelo que passei. Mas só isso não basta. É preciso voz, é preciso luz, é preciso lei firme.
E se você um dia encontrar alguém que foi vítima de assédio, não diminua a dor; não menospreze. Não duvide. Não insinue que ela pode ter entendido errado. Escute. Acolha. Porque decidir falar é encarar a dor de frente de novo, com todos os danos e estragos que ela provoca.
A quarta edição da pesquisa “Visível e Invisível” pode ser conferida aqui.