No dia 28 de maio, o jornal O Globo trouxe uma denúncia grave de assédio na Petrobras. São histórias fortes e chocantes. Os relatos geram revolta, mas não surpreendem, porque são histórias que se repetem todos os dias. Uma mulher relatou dormir com uma chave de fenda para se proteger; outra que dormia de macacão e bota. Fico imaginando o medo que elas sentiam. Eu senti esse medo.
É um medo que não dura apenas naqueles momentos. A gente leva para outras relações e situações. Fica marcado. Fica pra sempre.
E quando buscamos ajuda, quando denunciamos, nada acontece. A gente revive a violência, volta a vivenciar os traumas e medos. E nada acontece com os assediadores.
Me pergunto: até quando? Porque não bastam as denúncias e escândalos virem à tona. Leis existem, mas não dão conta.
Falar e escrever sobre tudo o que vivemos ajuda muito. Mas não muda o que vivemos, nem a sensação da impunidade, de injustiça. Por isso temos que falar: quanto mais relatarmos, mais vamos incomodar e mostrar ao mundo que precisamos PARAR os assediadores. Silenciar, calar só serve como incentivo. Não podemos nos omitir, porque essa omissão é incentivo à continuidade para quem comete esse crime. Sim, porque assédio é crime.